Eu
o deixei ir. Sim, foi doloroso, apertou o peito, mas eu deixei e ele foi, sem
hesitar, sem mais nem menos. Talvez ele devesse me questionar, perguntar sobre
os motivos que me levaram a tomar essa decisão e se esqueci tudo o que passamos
juntos até aquele momento, mas não, nenhum sinal de contestação.
Vendo a partida, minha única vontade era de correr para seus braços, dar um
daqueles abraços que sufoca e implorar para que ele voltasse, dizer que o amava
e que tudo não passou de uma besteira, mas eu não podia. Eu não podia porque
ainda era amor, mas não era amor das duas partes. E não seria justo comigo, não
era justo com ele.
As pessoas se perguntavam como um relacionamento tão bonito poderia acabar,
como algo considerado eterno chegaria ao fim. De fato era bonito, era bonito
até mesmo quando insistíamos mais e mais uma vez criando fantasias de que
daquela vez daria certo. Mas deixou de ser bonito, cansou, e eu o deixei ir.
Talvez por amor eu o tenha deixado ir, e não tem um dia sequer em que eu não me
lembre daquela cena, e não tem uma noite sequer em que eu olhe para o céu e não
me recorde dele, e não há um minuto em que eu não pense como poderia ter sido
diferente.
É estranho pensar que parte de mim
sempre será uma parte dele e não importa o que eu faça, os pensamentos e
sentimentos por ele deixados serão sempre maiores que minhas escolhas
frustrantes de afastá-lo de perto. É estranho porque foi bom, e ele nem ao
menos insistiu para que continuasse. É estranho porque foi amor e deixou de ser
rápido demais. É estranho porque talvez fosse para ser nessa vida, mas eu o
deixei ir.
O amor é a infinita mutabilidade do mundo; mentiras, ódio, até mesmo a dor que senti ao ler seu texto, tudo está atrelado a ele; é o inevitável desabrochar de seus opostos, uma magnífica rosa com um leve cheiro de sangue. -M
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