quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Alguns km de lugar algum

Estou aqui parada, pensando sobre o que ou para quem escrever. De fato é muito difícil começar algo sem inspiração. Às vezes o dia não está bom, às vezes a vontade não é tanta e às vezes algumas coisas parecem não fazer sentido.
Mas a única certeza que eu tenho hoje é que para falar sobre o amor é preciso falar sobre alguns quilômetros de distância que separam a vontade de estar junto da vontade de esperar.
Parece bobagem pensar que a espera pode por fim em tudo, é normal pensar que quando se ama alguém, a vontade de estar junto deve sobressair à distância, mas nem sempre isso acontece.
A gente perde, perde muito, sabia? Perde objetos, perde matérias, perde amigos, perde tempo. Mas você já experimentou perder amores?
Acontece de alguns amores serem perdidos no meio do caminho, acontece de alguns amores não chegarem a ser amores e acontece também de alguns amores só servirem como uma lembrança boa. Mas concordemos, o amor é um mistério, e chega a ser difícil encontrar alguém que queira desvendá-lo.
E voltando a alguns quilômetros, eles não levam a lugar algum. Pode ser que esses quilômetros representem o fim de uma história de amor, pode ser que sejam apenas quilômetros, pode ser que muitas coisas poderiam acontecer e não aconteceram pelo fato de existirem alguns quilômetros. E nós nunca saberemos, porque não importa se são os quilômetros que separam as pessoas, não importa se são os quilômetros que impedem uma história de amor, são também esses quilômetros que fazem a saudade aumentar, transbordar do peito, abrir espaço para sentimentos puros e que ficarão ali para sempre, da mesma forma que esses quilômetros que me separam de você.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Início, meio e fim

Eu me entrego. Me atiro. Me jogo sem saber se é claro ou escuro, se é raso ou profundo. Eu te espero. Me desespero. Ocupo-me demais sendo sua para me apaixonar por outra pessoa.
Eu passo dias esperando por respostas que talvez não venham. Passo madrugadas em claro esperando uma mensagem que talvez nunca chegue. Perco tempo esperando respostas que talvez a vida nunca me dê.
Eu fico aqui. Fico aqui porque foi aqui que você me achou, e era aqui que você deveria estar. Fico aqui porque não importa aonde eu vá, quem eu conheça ou onde eu precise estar, eu sempre volto no início.
Volto no início porque foi ali que eu te encontrei, foi ali que vi que tudo aquilo que eu senti estava guardado para te entregar. Volto porque sei que deveria voltar e insistir, e porque essa história precisa continuar.
E continua, porque o meio dela é tão confuso e dramático que até mesmo o melhor dos escritores não faria uma história tão bem assim. Continua porque o amor é uma droga, e daquele tipo de droga que você vicia tanto que mesmo sofrendo ainda é capaz de persistir. Continua porque mesmo com pouco a dizer é sempre bom quando estamos juntos. Continua porque até pra acabar ela precisa de continuidade.
E chega ao fim. Chega ao fim porque não importa a insistência, não importa se é uma droga que vicia, não importa se eu perco tempo esperando, ela precisa de um fim, fica mais bonito. E olha que o fim é incerto, pode ser triste ou feliz. E eu não te espero. Mas vem. E quando vier não se esquece de trazer aquela bebida e me dar mais um trago, por favor.

domingo, 18 de setembro de 2016

Notas sobre ele.

De fato ele não é a pessoa mais amorosa do mundo. Não é daqueles que faz juras de amor por alguém e nem ao menos se esforça para fingir o contrário. Pode ser que ninguém tenha conseguido despertar o melhor que ele pode ser e por isso essas coisas fiquem guardadas dentro de uma caixinha a sete chaves, lá no fundo do coração. Mas ele é uma pessoa de bem, eu sei disso.
Pode ser também que isso seja proteção. Tem gente que já sofreu tanto por amor que a única coisa que sabe fazer é se resguardar e alimentar o medo de se entregar a uma nova pessoa.
Mas sabe, mesmo com todos esses problemas mal resolvidos, eu me apaixonei. Me apaixonei porque embora ele não soubesse demonstrar o que sentia, embora ele não fizesse juras de amor porque sabia que não iria cumpri-las, ainda sim era ele. Era ele com aquele sorriso de canto a canto, era ele com aquele gosto musical que eu sempre abominei, era ele com todos os defeitos que eu também tinha e ainda assim achava pior, era ele porque eu sabia que precisava ser e não importava quanto tempo demorasse, eu estava disposta a esperar.
Não sei exatamente aonde isso iria me levar e nem se iria me levar a algum lugar, mas eu sabia que qualquer lugar seria bom desde que ele estivesse ao meu lado. Não sei também se iria durar um mês, um ano ou uma vida, mas uma vida era pouco perto do que eu queria.
Acontece que nessa de querer, esperar e imaginar, o sonho foi se esvaindo, sumindo, fugindo de mim. E eu que não podia fazer nada além de querer e esperar tratei logo de juntar minhas coisas e me esconder em pensamentos sobre ele, imaginando como essa história poderia ter início e continuidade algum dia.
Hoje, sei que viver é se entregar, é preciso estar disposto a assumir toda e qualquer barra para que o amor não acabe, para que ele não se esgote. Mas cara, ainda continua sendo ele, e não importa o quanto eu saiba disso tudo, aquela esperança boba lá no fundo me diz que é preciso insistir. Porque embora eu tente encontrar em outros corpos, só ele tem aquele coração de pedra que eu tento quebrar, só ele tem o que eu preciso para seguir em frente, só ele sabe o que fazer para me ver feliz e faz mesmo não percebendo.
As notas podem ser sobre ele, mas esse ‘ele’ ainda é você.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Desculpe o transtorno Gregório, mas preciso falar sobre todos os amores.

Não sei exatamente onde foi que conheci meu primeiro, segundo ou terceiro amor. Não sei quais foram minhas primeiras palavras trocadas com cada um deles e nem ao menos me recordo do local em que estávamos. Não sei se tocava blues, jazz, pagode ou funk, mas sei que tinha música. Não sei se os conheci numa terça-feira de setembro, numa quinta-feira de dezembro, três da tarde ou três da manhã, se era feijoada ou presunto enrolado no melão. Percebe que não me refiro a um nem dois amores, e sim, eu amei mais que uma ou duas vezes, uma ou duas pessoas. Pra você pode parecer estranho eu dizer que existe mais de um amor verdadeiro e pode até soar falso que eu os tenha achado e perdido na mesma vida, mas que sorte a minha, não é mesmo? Algumas pessoas nunca chegam a encontrá-lo.
Você pode dizer também que se fosse amor, amor real, teria durado ou eu não teria deixado ir embora, mas existem pessoas que não foram feitas para durar, ou na verdade permanecem por tempo suficiente para não esquecermos.
Ai me enchem de perguntas. Se eu acredito em amor à primeira vista? Não. Se eu acredito que todo amor dura para sempre? Menos ainda. Mas se me perguntam se eu acredito no amor, no grande amor, respondo que com certeza. Eu mesma já tive um.
Posso não me lembrar como, quando, onde e o motivo exato, mas sei que o mais importante eu me lembro: naquele momento nós éramos infinitos.
Muitas pessoas acreditam que só encontrarão a pessoa certa no momento em que der de frente com alguém cheio de qualidades, sem transparência de defeitos, um perfeito príncipe ou uma princesa.  Sinto muito por estragar suas expectativas, não há como encontrar alguém assim.
Mas calma você ainda vai encontrar uma, duas ou três pessoas que façam seu coração incendiar, pulsar mais rápido, fazer com que seu jardim pareça florescer mais rápido. É tudo questão de esperar o velho e bom tempo.
Claro que eu acredito em um amor que me fará pensar que o mundo é mais bonito, as pessoas são boas e os gestos vêm do coração, mas isso ainda vai acontecer. E por enquanto eu ainda sou Brenda, você ainda é Gregório, ela é Clarice, e quem eu espero é alguém que ainda está por aí.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Oportunidades.

Oportunidade. Substantivo feminino; ocasião azada; favorável para a realização de algo; palavra com doze letras e uma só finalidade: o insaciável desejo por coisas novas.
Há quem diga que as oportunidades da vida vêm com o tempo, com a espera, junto à esperança de dias melhores. Outros, que não importa o tempo, a espera, a esperança, quem as torna realidade é você, e com atitudes.
De fato, ambos os pensamentos estão corretos. É natural, digno e grandioso lutar pelo que deseja, abraçar novos lugares, pessoas, sentimentos e decisões. Mas é ainda mais bonito saber esperar, não sair tropeçando no tempo, ter consciência de que por maior que seja seu desejo, certas coisas não foram feitas para acontecer no momento que queremos.
Mas a verdade é que cada indivíduo tem uma perspectiva, e não importa o quanto tentemos mostrar isso, o ser humano é tão único, tão ele, que só aprende com os erros. É como dizia Oliver Sacks no livro ‘Gratidão’: ‘Quem morre não pode ser substituído. Deixa lacunas que não podem ser preenchidas, pois é o destino – destino genético e neural – de todo ser humano ser um indivíduo único, encontrar seu próprio caminho, viver sua própria vida, morrer sua própria morte. ’
E ele estava certo. Cada qual vive uma história. Cada um sabe à hora certa de trilhar um caminho e segui-lo. Cada ser carrega uma essência única dentro de si capaz de agarrar todas as oportunidades que a vida oferece e aproveitá-las ao máximo. Cada um sabe que o fim só é realmente fim quando chega a morte.
E assim você aprende que pode ser que muitas vezes a maré não esteja ao seu favor, pode ser que em determinados momentos da vida você acredite que não existem oportunidades, pode ser que as coisas estejam difíceis e que tudo parece conspirar contra você, mas sempre, sempre há uma esperança. Às vezes, a oportunidade que você tanto procura está na sua frente esperando para ser abraçada, às vezes as oportunidades estão nos pequenos detalhes, resta você expandir seu horizonte e perceber.