quinta-feira, 4 de agosto de 2016

O alto (e grande) preço de viver longe de casa.

Sempre sonhei com o dia em que sairia de casa e teria minha tão sonhada liberdade. Parece fácil, eu sei. Fazer planos, morar sozinho, conhecer pessoas novas, fazer o que quiser e levar quem eu quisesse na hora que bem entendesse.
Lembro do primeiro dia em que pisei na sala de aula no último ano do ensino médio e um professor me perguntou quais metas eu havia traçado para aquele ano e o que faria para alcançá-las. A resposta veio pronta em minha cabeça e respondi que gostaria de me formar e em seguida passar na Universidade dos meus sonhos e no curso que sempre quis. É claro que a grande maioria sonha com isso quando entra no terceiro colegial, mas hoje vejo que não é o principal.
Me formei com 17 anos, a maioria dos meus amigos com 18, pressão e vontade eram as palavras que mais nos representavam na época. Pressão para sair de casa e correr atrás dos nossos objetivos, vontade de se jogar no famoso ‘mundão’ sem ter ideia do que poderia acontecer.
Quando toda aquela fase de vestibulares passou e li a tão esperada frase ‘candidato aprovado’ tive a certeza de que todos os meus problemas haviam ficado para trás. Imaginei que finalmente eu poderia ser livre e que tomaria minhas próprias decisões. De fato isso aconteceu. O que não me contaram é que meus problemas não haviam ficado para trás, eles só estavam prestes a começar.
A liberdade é realmente muito perigosa, e exige a coisa mais importante que você precisa ter na vida: responsabilidade. E responsabilidade não é algo que um adolescente de 17 anos cria de um dia para o outro. Responsabilidade leva tempo e exige muito de nós como pessoa.
Você cria responsabilidade ao fazer um almoço quando antes não sabia fazer sequer um arroz, cria responsabilidade quando sai do conforto da cama para pagar uma conta, cria responsabilidade quando sabe que tem horários para cumprir e ninguém além de você mesmo sabe disso, cria responsabilidade quando vê que é você por você mesmo e que mesmo estando rodeado de pessoas que querem seu bem, não há nada que eles possam fazer para resolver seus problemas. E depois de criar responsabilidade, você amadurece. E amadurecer é de fato a melhor parte de viver sozinho. É quando você amadurece que percebe que o preço de viver longe de casa e de quem você ama é alto e grande, mas que maior ainda é o quanto você cresce com isso.
Portanto, não apresse o tempo, não se apresse. Não cobre tanto de você só porque dizem que você tem obrigações. Todos temos obrigações, mas cada um sabe a hora certa de acatá-las. Viver longe de casa é realmente uma das melhores coisas da vida, mas fazer isso por você não tem preço!
Um diploma é um diploma, é claro. Mas ele não faz com que você se torne um cidadão de caráter. Isso, independente de onde, quando e como, é você quem faz.

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